sexta-feira, 20 de maio de 2011

Conversa alheia

Por Tiago Prates

- Ai amigo tá tão difícil arranjar um namorado!
- Nem me fale...

(Alguns minutos depois)

- Nossa, e ele ainda fala que está sem dinheiro pra sair.
- Affe, que UÓ!
- Pois é, mas eu disse assim pra ele: Tudo bem, eu espero o seu 13º chegar pra gente poder sair.

(E os dois caem na gargalhada)

Esse fragmento de conversa, ouvida de canto de orelha em um McDonald´s da Avenida Paulista, me fez pensar em uma coisa: será que estamos sozinhos porque o "meio" está escasso (quando eu digo meio, é homem mesmo) ou porque nós é que trasformamos a escassez de sentimento e do meio (combinado a malditisse) em solidão?
Não sei mesmo se este sentir-se sozinho é realmente real, uma vez que desprezamos aquilo aque temos em troca de uma boa piada. A risada neste caso nada mais é do que uma fuga, um porto seguro onde a nos agarramos com unhas e línguas afiadas, para não se misturar a maré.
Ao meu ver, o meio não está escasso e sim apenas está cheio de pessoas iguais. Pensamentos iguais, solidões iguais. Acho que o que realmente precisamos é ter um olhar diferenciado. Olhar as pessoas e não a marca que elas representam.
Uma coisa é certa: se o dinheiro é pouco pra sair, nada melhor do que acompanhá-lo em uma sessão pipoca sem ter que sair de casa. Agora, se esta não for uma opção, vire mais um peixe neste enorme oceano e morra pela boca.